...estava sozinha, num enorme jardim iluminado pelo sol. A relva verde brilhava fortemente, e era decorada pelas enormes margaridas ali presentes, amarelas. Com o meu espírito de criança a florescer dentro de mim, avisto um baloiço velho, mas perfeitamente encaixado naquele belo cenário. Sento-me e dou um forte impulso, descolando do chão e sentindo o vento a sacudir-me os cabelos encaracolados. Quando me fartei do baloiço, olhei para o fundo do jardim e vi um lindissímo piano branco e tu, sentado nele, com o teu sorriso perfeitamente estampado na cara, que me iluminava ainda mais do que o sol. Lentamente, sacudi o meu vestido floral e dirigi-me a ti, sentando-me na ponta do piano. Cada nota por ti tocada arrepiava-me completamente. Eras completamente perfeito. Quando finalmente quis olhar para ti, com olhos de ver, assustei-me. A. As flores do belo jardim começaram a murchar, a relva passou de verde a amarela, o baloiço começou a chiar e adivinhava-se uma tempestade ao horizonte. Foi aí que percebi que o jardim era uma metáfora do que tu provocas em mim. Tu destróis-me. E assim o meu sonho quase perfeito teve um final pavoroso e passou a ser um pesadelo, que parece não ter fim.