Disseste-me, meu amor...disseste-me que eu ia estar ao teu lado para sempre, como um belo conto de fadas. Disseste-me que nunca me ias apagar da tua memória, que eu ia sempre ser tua, e de mais ninguém. Disseste-me palavras carinhosas ao meu ouvido, e deste aquela gargalhada deliciosa, aquele sorriso terno e infantil que eu tanto gostava. Abraçaste-me com força, de forma a eu ouvir os teus batimentos cardíacos, que estavam perfeitamente sincronizados com os meus. Queria sentir o teu calor, a tua combustão. Mostravas a todo o mundo que eu era tua, com orgulho e paixão. Da tua boca saíam os nomes mais carinhosos do mundo, desde perfeição a amor, seguidos por boneca e coração. O «amo-te» fluía nas nossas conversas naturalmente, assim como uma gota no oceano. Davas-me o mundo, na palma das minhas mãos. Eu rotulava-te de príncipe encantado, feito especialmente só e apenas para mim. Acreditava cegamente na tua palavra, nunca te questionava por nada. Mas o amor cegou-me. E quando fui operada às minhas cataratas, o mundo tornou-se bem mais escuro e sombrio. Vi um monstro, cheio de larvas e podridão. Alguém demasiado frio, com palavras rudes e pesadas, com um sorriso cínico que brotava facilmente na tua face esculpida pelo diabo. Gritei, afastei-me furiosamente das tuas garras. Pensei que nunca mais iria ver a luz do dia. Pensei que ia deixar a minha alma morrer ao teu lado, que tu a ias varrer para debaixo do teu tapete de peles. Mas consegui. Lutei com toda a minha força, até ao meu último fôlego. Alcancei o sol, e, imediatamente, a minha pele começou a brilhar com toda a sua força, como se de uma lâmpada se tratasse. Sentia-me orgulhosa de mim mesma, e hoje é o dia que, quando olho para os teus olhos, os meus transbordam de emoção e alegria, porque sentem que a sua fiel dona lutou por eles, por si, pela vida.