Muitos de vós poderão achar este pequeno desabafo um bocado estranho, mas sei que irão entender perfeitamente a mensagem. São os meus sentimentos que vão fluir nestas singelas palavras, por isso peço-vos que percam um ou dois minutinhos para me ouvir.
Afinal de contas, qual é a grande diferença entre uma casa e um lar?
Uma casa é, basicamente, constituída por tijolos e cimento, muito cimento. Estes edificam as paredes, inumeras telhas formam o telhado. É um conjunto de paredes, fios, cerâmica, madeira e outros materiais, concebida para abrigar uma ou mais pessoas. Algo desprovido de vida, algo perfeitamente irracional, apenas um bem material.
Um lar é, principalmente, a alma da casa. É algo criado pelos seus habitantes, segundo as suas personalidades, gostos e preferências. Cada espaço de um lar grita liberdade de expressão, diversão, amor, fraternidade, carinho e compreensão, criados e enraizados pelos seres racionais, nós, os humanos.
Eu amava totalmente a ideia de sentir que vivo sempre num lar. Mas não sou possuídora de tamanha fortuna. Por vezes, dou por mim a sentir que vivo num sitio despido de vida e que apenas estou a ser protegida das chuvas, do calor tórrido, da neve. Uma casa. Nem sempre posso apelidar de lar o abrigo que me acolhe, se nele violam o meu território, se não me ouvem sempre que preciso, se não me transmitem conselhos e lições da vida que tive de aprender sozinha. Sou mal-entendida constantemente e os meus desejos são persistentemente violados.
Na maior parte do tempo, sinto-me sufocada, cansada, rompida, a minha alma é esburacada dia após dia. Inúmeras vezes são insultos, palavras crúeis e amargas que me dizem, com um sorrisinho malicioso. Posso ser uma pessoa forte, mas as minhas estruturas abanam, e estão em eminência de derrocada. Sinto que a minha auto-estima está prestes a roçar na lama. A minha essência e personalidade vão de encontro à lixeira, sem miinima chance de reciclagem.
Dou por mim a perguntar os motivos para merecer esta calamidade. Pensamentos estes que, diaramente, molham-me o rosto e que me fazem querer viver num mundo imaginário. Mas o querer não é dever. Não posso envolver-me demasiado com as fantasias do meu subconsciente ou inconsciente. Quero lutar pela minha alma, pelo meu espírito, pela minha liberdade. Eu gosto de mim. Mas parece que, cada vez que dou um passo para a frente, existe sempre alguém que me força a correr para trás, para o lugar sombrio onde habito muitas vezes, para algo longiquo e arenoso, onde eu me encontro perdida.
Isto não é ficção. Sempre encarei o meu blog como um porto de abrigo para a minha vida real. Acreditem que, enquanto vos transmito os meus pensamentos, uma grossa lágrima escorre pela minha face. Desculpem-me pelo tema maçador de escrita, mas eu senti necessidade de desabafar e aqui, sinto-me segura, pois sei que estou livre de julgamentos pela vossa parte.
Amo-vos, com todo o meu coração,
Catheline.